É necessário que façamos um resgate do que foi este momento de paralisação estudantil na UFS. Ela foi deflagrada pelo motivo principal e determinante da falta de serviços fundamentais para os estudantes como RESUN, BICEN, Laboratórios, Complexo Esportivo, etc, em decorrência da greve nacional dos servidores técnicos-administrat ivos. A falta destes serviços comprometiam diretamente a qualidade acadêmica do ensino, além de prejudicar principalmente os estudantes de baixa renda que necessitam de forma permanente destes serviços. Foi com essa compreensão que foi deflagrada a paralisação estudantil.
No entanto, demonstrando um grau elevado de maturidade e consciência política, os estudantes aproveitaram o momento em que estavam paralisados para colocar em evidencia para a sociedade, comunidade acadêmica e Reitoria as reivindicações estudantis. Para muitos estudantes essa Paralisação não foi um momento de cruzar os braços e esperar os servidores voltarem da greve, mas sim de lutar contra os problemas da UFS e por melhorias concretas para ela. Isso foi o diferencial desta paralisação estudantil para outras que já aconteceram na UFS e por isso ganhou tamanha dimensão na UFS e na sociedade sergipana.
Debates, Discussões, Plenárias, Atos Públicos, Passeatas foram a marca deste período de mobilização estudantil na UFS. De forma inédita, a UFS e a sociedade sergipana discutiram com profundidade os problemas existentes na nossa universidade e na Universidade Pública Brasileira.
O fim da paralisação por unanimidade demonstrou a unidade e coerência dos estudantes em relação ao motivo determinante da paralisação estudantil. Assim que os serviços fundamentais para os estudantes foram restabelecidos com o fim da greve dos servidores, os estudantes decidiram retornar as aulas.
Esta paralisação foi um momento de avançar em conquistas e de pensar um projeto diferente de Universidade, a partir das deficiências que os próprios estudantes sentem. Foi um momento em que os estudantes reafirmaram sua autonomia e sua combatividade.
A luta por melhorias na UFS não começou nem termina com o fim da paralisação, este só foi mais um momento de luta estudantil que continua de forma incessante. Com certeza, se mantivermos a mesma mobilização que atingida no dia-a-dia da paralisação, não temos nada a perder. Só temos a ganhar. A luta continua!
“Não estamos perdidos, pelo contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender” Rosa Luxemburgo
Estas foram algumas das conquistas da paralisação estudantil:
- Criação de um Conselho de Assistência Estudantil paritário, normativo, deliberativo e permanente que conduzirá a política de Assistência Estudantil;
- Maior Publicização e aumento do valor das Bolsas de Trabalho;
- Instalação imediata de 30 novos computadores para a Bicen;
- Horário de Funcionamento da Bicen estendido até às 22:00;
- Campanha de conscientizaçã o pela conservação da Estrutura e Acervo da Bicen e pela devolução dos livros emprestados da Bicen dentro do prazo estabelecido, para que possamos diminuir a valor da multa;
- Digitalização das Obras Raras a fim de disponibilizá -las para Xérox
- Comprometimento do Reitor em não privatizar o Hospital Universitário;
- Criação de um Conselho de Extensão paritário, normativo, deliberativo e permanente que conduzirá a política de Extensão Universitária;
- Criação de uma Semana de Extensão na UFS, em conjunto com os Movimentos Sociais de Sergipe;
- Inclusão dos estudantes da lista de espera em Residências Universitárias até o fim deste período;
- Que a reitoria também pressione a SMTT a criar uma linha de ônibus Zona Norte/Campus e ampliação das já existentes para o Campus São Cristóvão e HU;
- Encaminhamento da Compra de um ônibus de grande porte para congressos estudantis e científicos;
- Viabilização rápida de um posto de saúde no Campus;
- Encaminhar adaptações na estrutura física da UFS para os portadores de necessidades especiais e reforma, impressora de impressão em braile e Biblioteca Falada, além de adaptações pedagógicas;
- Permissão para qualquer estudante da UFS cursar quaisquer disciplinas em qualquer Campus , solucionando o problema dos estudantes de Laranjeiras que não podiam pegar matérias optativas;
- Reformas no CULTART, Museu do Homem, Concha Acústica, quadras de esporte e complexo esportivo;
- Encaminhamento de discussão da construção de Moradia Estudantil e creche no Campus São Cristóvão, através da busca de parceria com a CEF.
- Construção do Campus de Laranjeiras, com abertura imediata de licitação.