Debaixo de chuva e munidos de pneus em chamas estudantes da Frente de Paralisação demonstraram à sociedade aracajuana que quem decide pelo término da greve são os próprios estudantes e não a reitoria.
Cronologia
Dia 3 de julho. Acontece uma coletiva de imprensa com a Frente de Paralisação Estudantil no Campus de São Cristóvão – Sergipe. Estudantes são ouvidos e o reitor também, para não fugir da sacra “imparcialidade midiática”. Como prática já conhecida, o reitor é ouvido por último (já que na TV a última informação, invariavelmente, é o que fica no subconsciente do espectador) e afirma que as aulas voltariam à sua normalidade no dia seguinte. O DAA (órgão da reitoria) comunica a tod@s @s estudantes. À noite, a Frente de Paralisação se reúne. Visivelmente emputecidos, #s grevistas resolvem inviabilizar a decisão da reitoria.
Dia 4 de julho. Às quatro horas da manhã um leve barulho ecoa pelas didáticas I e III. São estudantes retirando as carteiras e construindo barricadas. Como são quatro didáticas, o trabalho se estende até umas seis e meia. Ainda na madrugada, vários pneus foram conseguidos junto com estopa e gasolina. Tudo pronto, hora do pau! @s estudantes se colocam na entrada principal da Universidade e ateiam fogo nos pneus assim que o primeiro professor aparece. Pros que tinham carro ficou impossível adentrar na UFS. A fumaça era absurda, uma nuvem preta sinalizava um incêndio de proporções incalculáveis, porém tudo estava sob o controle d#s grevistas. Na entrada secundária (que fica ao lado do terminal rodoviário do Campus) houve confronto com os seguranças da Universidade que partiram pra cima d#s estudantes a fim de garantir a entrada de pró-reitores. Tudo isso debaixo de chuva forte.
Por causa dessa balbúrdia, poucos professores conseguiram entrar na UFS pela manhã. “Sem professor não tem aula” – explicou um dos grevistas.
Normalidade institucional
Passavam das oito e quarenta e nada de aula na Universidade. O reitor se pronuncia na TV convocando #s alun#s a se colocarem contra a Frente de Paralisação e contra a greve. Alguns professores ainda tentam dar aula e aplicar provas utilizando-se inclusive de pressão psicológica sobre os alunos, principalmente @scalour@s.
Durante toda a manhã #s grevistas se dividiram e conversaram com os estudantes que estavam na Universidade. Essa tática do diálogo foi escolhida pelos estudantes que compõem a Frente desde o início. Isso talvez explica porque o reitor ainda continua trabalhando tranqüilo na reitoria. Mas ele ta pedindo uma visita de cunhado: que chega e não se sabe quando vai embora.
O que se passa na Universidade Federal de Sergipe?
No dia 13 de junho, com a presença de mais de 1800 estudantes (a maior assembléia estudantil da história da UFS), foi deflagrada a greve estudantil por não existirem condições de estudar sem laboratórios, refeitório e biblioteca – fechados em virtude da greve dos técnicos administrativos.
Foi criado um comando de greve estudantil e teve início um exaustivo calendário de atividades onde os pontos de pauta da greve foram aprofundados em discussões que varavam a madrugada.
Como resultado do acúmulo desenvolvido nas plenárias surgiu um documento que foi entregue ao reitor contendo todas as demandas estudantis e propostas de saneamento dos problemas em questão. A resposta do reitor veio a galope, porém evasiva. Num claro “Ctrl+c – Ctrl+v” do que tem no saite da UFS, o magnífico apenas discursou sobre o que a sua administração vem fazendo desde que assumiu o cargo.
Insatisfeitos com a situação, #s estudantes convocaram uma reunião com o reitor no auditório da reitoria para que se pudesse discutir de fato e frente a frente as pautas. Uma espécie de acareação. O auditório ficou lotado nos dois dias de negociação. Novamente as respostas do reitor eram fugazes e não apontavam para lugar algum. Quando se pronunciava de fato, exigia um projeto para que ele pudesse fazer alguma coisa.
Um avanço, mas bem que podia ter sido melhor. O diálogo (ou pelo menos a tentativa) com a reitoria não têm respondido às expectativas d#s estudantes. As contra-propostas da reitoria ou não existem ou pedem projetos criados pel#s estudantes. Já o reitor, acreditando que cumpriu com seu papel de ouvir # estudantes, resolveu divulgar na mídia que a greve havia acabado e clamava a presença dos acadêmicos na Universidade. Encontrou chuva e fogo...
Marcus Mota
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