segunda-feira, 2 de julho de 2007

Greve 2007 – Já somos vitoriosos!

Greve 2007 – Já somos vitoriosos!

A Universidade cumpre um a função dentro da sociedade. Mas essa função, se voltar para a resolução dos conflitos sociais, está desvirtuada há algum tempo pelo tão destemido “mercado”. O que perdemos com isso: Autonomia (financeira e ideológica), não cumprimento do propósito acadêmico, comprometimento da pesquisa e da extensão, sucateamento do serviço público, enfim, transformação de direito em mercadoria. A educação não pode se submeter a isso. Está associada a um modelo de desenvolvimento para o nosso país, com a soberania e o futuro do povo brasileiro. Não pode estar com as empresas e a serviço do mercado. Tem que estar a serviço dos trabalhadores e do Brasil.

O governo da mudança aprofunda medidas que não mudam. Contraditório? Exatamente. O que dizer do governo não quer retomar a verba específica para assistência estudantil? E o projeto de expansão quantitativo e não qualitativo? A reforma universitária que limita em 9% o gasto com a assistência estudantil, enquanto a UFS gasta 14% e não dá conta? E o PAC que não deixa que professores e técnicos sejam contratados durante 10 anos? O que dizer de tudo isso? No mínimo um basta. E uma efetiva e grande luta para que tais medidas não se aprovem.

Mas a reitoria cumpriu isso? Não mesmo. É muito fácil ser capacho quando o poder nos convém. O discurso que agrada a classe média e os tubarões do ensino é constante na administração da UFS. De forma anti-democrática e autoritária “bateu o martelo” e empurrou de “guela abaixo” todos os projetos que hoje temos na nossa universidade. Ou será que foi discutido com a comunidade acadêmica que o curso de música estaria no departamento de morfologia e que o DAA poderia cobrar R$3,00 por um histórico? Com certeza não foi e sabemos o porque. Não seria aceito por ninguém propostas privatistas como essas. E embora não pareça existem duas formas de se privatizar: De forma direta - taxas do DAA - e de forma indireta com o sucateamento do público para que o privado se fortaleça – Campus de Laranjeiras.

O que fazer então com uma realidade tão adversa? O movimento estudantil e os técnicos deram a resposta: GREVE!!! Mas não é preciso o diálogo antes? É sim. Mas esse aconteceu antes por parte de quem não queria greve: Governos e reitoria? Porque agora o discurso se volta contra nós e somos nós que não queremos diálogo. Interessante ver a mudança de postura para deslegitimar os movimentos e fugir do debate central. E outra: O diálogo foi proposto, mas não se deu ouvidos. É fácil escutar de uma lado e deixar fugir de outro quando não se sente na pele o cotidiano de autoritarismo e deficiências da universidade pública. O cafezinho do Rei Tor sempre está na garrafa, mas o professor nem sempre está na sala de aula, muitas vezes porque não tem: ou o professor ou a sala. Essa, infelizmente, é a nossa UFS.

Os dezoito dias de paralisação que estão completados hoje nos deixam alguns sinais: Poucas vitórias como o conselho permanente e paritário para discutir assistência estudantil, muito trabalho e desgaste, o forró desse ano foi nos espaços de debate e negociação, muitos inimigos, as empresas, os governos, a reitoria, a mídia sergipana que funciona como uma marionete dos poderosos, mas também grandes aliados como o MST, a CONLUTAS e o SINTESE e no final uma grande lição: A de que o movimento estudantil organizado é capaz de alcançar as vitórias necessárias, o sentimento de que a transformação e o novo é viável e a de que não podemos perder a ternura e a esperança, numa batalha onde a mercadoria está acima de tudo, a educação no seu nível superior não deixará de ser direito no que depender de nós!

Num momento onde a apatia reina e o imobilismo é geral, o movimento estudantil se mostra forte e coeso para enfrentar qualquer obstáculo no sentido de não perdermos o que conquistamos e ampliar cada vez mais essas conquistas, pois sabemos que muito ainda falta. Não basta somente manter, mas temos que acima de tudo avançar. Já somos vitoriosos!

Vamos à luta! Só ela muda a vida!
A paralisação continua firme! Vamos contribuir com a UFS pública, gratuita e de qualidade!

Alexis Azevedo – Direito UFS

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